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Te cuida Moraes: Trump manda novo recado ao Brasil… “Novas medidas serão tomadas”

O clima diplomático entre Brasil e Estados Unidos voltou a se tensionar nesta segunda-feira (8), após uma nova declaração do governo norte-americano contra Brasília. O subsecretário de Diplomacia Pública do Departamento de Estado usou a rede social X (antigo Twitter) para criticar diretamente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e relacionar sua atuação a supostos “abusos de autoridade”. A mensagem foi publicada no dia seguinte ao feriado de 7 de Setembro, quando o Brasil celebrou 203 anos de Independência.

No texto, o representante do Departamento de Estado destacou o “compromisso dos EUA com o povo brasileiro que busca preservar os valores da liberdade e da justiça”. Em seguida, fez menção nominal a Moraes, afirmando que “em nome do ministro Alexandre de Moraes e dos indivíduos cujos abusos de autoridade minaram essas liberdades fundamentais, continuaremos a tomar as medidas cabíveis”. O tom da mensagem foi visto como um recado direto não apenas ao magistrado, mas também ao governo brasileiro, sinalizando que Washington não pretende recuar em sua postura crítica.

A manifestação ocorre poucos dias após o próprio Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, declarar em entrevista que estava “muito irritado” com o Brasil. Embora não tenha detalhado os motivos de sua insatisfação, fontes da Casa Branca citadas pela imprensa americana apontaram que a irritação se relaciona a decisões recentes envolvendo comércio agrícola e ao alinhamento político brasileiro em fóruns internacionais. Agora, com a fala do subsecretário, a crise ganha novos contornos, envolvendo diretamente o Judiciário brasileiro no centro da disputa diplomática.

Especialistas em relações internacionais avaliam que a inclusão do nome de Alexandre de Moraes no discurso norte-americano representa um movimento incomum. Em geral, autoridades estrangeiras evitam citar nominalmente ministros da Suprema Corte de outro país, justamente para não parecer uma ingerência direta em assuntos internos. “É um gesto político calculado. A ideia é pressionar o governo brasileiro e acenar a grupos internos que criticam a atuação do ministro”, analisa a professora de Direito Internacional Carolina Lopes. Para ela, o recado de Washington não deve ser entendido apenas como retórica, mas como um aviso de que medidas práticas, como sanções diplomáticas ou comerciais, podem ser consideradas.

A repercussão da postagem foi imediata em Brasília. Aliados de Moraes classificaram a atitude norte-americana como “inaceitável” e defenderam a independência das instituições brasileiras. Parlamentares de oposição, por outro lado, aproveitaram o episódio para reforçar críticas ao ministro, alegando que a postura dos Estados Unidos confirma denúncias de arbitrariedade em processos conduzidos pelo STF. No Executivo, até o momento, não houve um pronunciamento oficial sobre o caso, mas integrantes da chancelaria brasileira afirmaram, em caráter reservado, que a declaração será analisada com cautela antes de qualquer resposta pública.

Não é a primeira vez que Alexandre de Moraes se torna alvo de críticas internacionais. Como relator de inquéritos envolvendo desinformação, ataques à democracia e supostas tentativas de golpe de Estado, o ministro ganhou protagonismo no cenário político brasileiro e passou a ser apontado por setores conservadores como símbolo de um Judiciário atuante além de seus limites. Para o governo dos EUA, esse protagonismo se transformou em argumento para questionar a saúde democrática do Brasil, ainda que, no campo oficial, Washington mantenha relações diplomáticas regulares com Brasília.

Enquanto isso, analistas alertam para o impacto desse novo embate na já delicada relação entre os dois países. O Brasil é um dos maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos na América Latina, e qualquer escalada pode trazer consequências econômicas significativas. Por outro lado, o episódio ocorre em um contexto político sensível: Trump busca fortalecer sua base eleitoral em ano pré-eleitoral e, ao mesmo tempo, pressiona governos estrangeiros que não se alinham automaticamente às suas diretrizes. Para o Brasil, o desafio será equilibrar a defesa da soberania nacional com a necessidade de preservar um canal de diálogo aberto com a principal potência econômica e militar do planeta.

O episódio desta segunda-feira reforça que o tabuleiro geopolítico está longe de se estabilizar. A menção ao 7 de Setembro como um marco de liberdade e independência soa paradoxal diante de uma crítica que, para muitos, atinge diretamente a autonomia das instituições brasileiras. Seja como advertência simbólica ou como prelúdio de medidas mais duras, a postura de Washington coloca Brasília diante de uma encruzilhada: reagir de forma contundente para proteger sua soberania ou adotar a diplomacia discreta na tentativa de evitar uma crise maior. Em qualquer dos cenários, o que se desenha é um período de tensão constante entre dois países historicamente próximos, mas que, neste momento, parecem falar em vozes cada vez mais distantes.