Michelle fica enfurecida e vai para cima de deputado após falas sobre Bolsonaro

A quinta-feira (14/8) foi marcada por um episódio inusitado no cenário político brasileiro. Uma visita autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes (STF) ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar em Brasília, acabou ganhando contornos de polêmica após o deputado Luciano Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara, anunciar publicamente que levaria carne para um churrasco na casa do ex-mandatário. A iniciativa, no entanto, foi reprovada pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que divulgou nota oficial para esclarecer que o encontro tinha caráter estritamente humanitário e que nenhum evento social ocorreu.
Michelle fez questão de desmentir a informação ainda no mesmo dia, ressaltando que o clima na residência é de recolhimento e que qualquer tentativa de transformar as visitas em ocasiões festivas contraria o espírito das autorizações judiciais. “O episódio ocorrido hoje em minha residência, envolvendo o deputado Zucco, não contou com a nossa anuência. A visita tinha caráter restrito, breve e voltado exclusivamente a fins humanitários — e não conforme divulgado pelo parlamentar”, escreveu. A ex-primeira-dama ainda reforçou que a “picanha anunciada” pelo deputado nunca chegou a ser servida.
A confusão começou horas antes do encontro. Em uma publicação nas redes sociais, Zucco apareceu segurando duas peças de carne e dizendo que prepararia uma refeição especial para Bolsonaro. O vídeo viralizou rapidamente, alimentando comentários e piadas nas plataformas digitais. Porém, para Michelle, a repercussão ultrapassou o limite do aceitável, sobretudo pelo momento delicado enfrentado pela família. “Solicito a colaboração dos próximos visitantes autorizados para que compreendam e respeitem a sensibilidade do momento”, afirmou, alertando que tais condutas podem “deturpar a finalidade da visita ou prejudicar a imagem do ex-presidente”.
A visita desta quinta-feira foi uma das poucas autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal desde que Bolsonaro passou à prisão domiciliar. As condições impostas incluem número reduzido de visitantes, duração controlada e proibição de atividades que possam ser interpretadas como eventos públicos ou políticos. Fontes próximas ao ex-presidente demonstraram preocupação de que situações como a ocorrida com Zucco possam levar o STF a endurecer ainda mais as restrições, ou até mesmo suspender totalmente o direito a visitas. “O entorno teme que isso seja usado como argumento para limitar o acesso de aliados e familiares”, disse um interlocutor que preferiu não se identificar.
O deputado Luciano Zucco, por sua vez, ainda não se manifestou oficialmente sobre a reprimenda pública recebida de Michelle. Aliados próximos a ele alegam que a fala sobre o churrasco teria sido “uma brincadeira” e que não houve intenção de gerar constrangimento. No entanto, especialistas em comunicação política avaliam que, num cenário de alta polarização e com a atenção voltada para o cumprimento da pena de Bolsonaro, qualquer gesto público é rapidamente amplificado e pode ter repercussões jurídicas e simbólicas.
O caso reacende discussões sobre os limites entre o apoio político e o respeito às normas judiciais. Para analistas, embora a visita de Zucco tenha sido autorizada, o tom de sua divulgação nas redes sociais destoou da gravidade do momento. “A prisão domiciliar é uma medida que, apesar de mais branda, ainda exige o cumprimento de protocolos. Transformar isso em narrativa festiva pode ser interpretado como desrespeito à Justiça”, explica a cientista política Clara Menezes. Ela destaca ainda que a reação de Michelle Bolsonaro demonstra preocupação em preservar a imagem pública do marido, evitando que episódios pontuais sirvam de munição para adversários.
Enquanto a polêmica rende debates, a rotina de Jair Bolsonaro na prisão domiciliar segue sob vigilância. Restrições de comunicação, monitoramento constante e visitas controladas fazem parte do cotidiano imposto pela decisão do STF. A expectativa agora é de que o episódio sirva como alerta para futuros visitantes, evitando situações que possam colocar em risco a manutenção de privilégios já limitados. Para Michelle, mais do que um mal-entendido, o episódio é um lembrete de que a política, mesmo quando temperada com picanha, exige cautela e sobriedade.
