Política

Muito debilitado: Bolsonaro entristece apoiadores ao fazer comunicado

O segundo dia do julgamento da chamada “trama golpista” no Supremo Tribunal Federal (STF) ocorrerá amanhã sem a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Assim como nesta terça-feira (3), a defesa informou que o político segue debilitado e não tem condições de acompanhar presencialmente a sessão. A ausência reacende debates sobre o impacto da saúde do ex-chefe do Executivo em meio a um processo de tamanha relevância política e jurídica.

Após o encerramento da primeira rodada de sustentações orais, o advogado Celso Vilardi explicou que Bolsonaro enfrenta episódios frequentes de vômitos e crises de soluços. O mal-estar estaria relacionado a um quadro de esofagite e gastrite, doenças que historicamente já afetaram a rotina do ex-presidente. “Ele não está bem”, declarou Vilardi, reforçando que a condição clínica inviabiliza a participação direta de seu cliente no julgamento.

Apesar do discurso enfático sobre as limitações físicas, a expectativa sobre a presença de Bolsonaro chegou a ser alimentada mais cedo. Segundo a própria defesa, o ex-presidente cogitou comparecer ao STF, gesto que teria sido interpretado como uma tentativa de demonstrar força política e respeito ao rito judicial. No entanto, o agravamento dos sintomas afastou definitivamente essa possibilidade, deixando a sustentação oral a cargo dos advogados.

O julgamento desta quarta-feira é considerado um dos pontos centrais do processo, já que será a vez das defesas de quatro réus se manifestarem, incluindo a de Bolsonaro. A ausência do ex-presidente no plenário, embora justificada, levanta questionamentos entre observadores políticos: estaria ele realmente impossibilitado de comparecer ou preferiu evitar a exposição diante de ministros que julgam um dos casos mais delicados de sua trajetória? Essa dúvida ecoa não apenas nos corredores de Brasília, mas também na opinião pública, dividida entre apoio e críticas.

Analistas políticos ressaltam que a estratégia de afastamento pode ser calculada. De um lado, a ausência evita o desgaste de enfrentar pessoalmente um tribunal que lhe é amplamente crítico. De outro, a condição de saúde fragilizada pode gerar algum grau de empatia entre apoiadores, que enxergam na narrativa médica uma forma de humanizar a figura do ex-presidente em meio a um processo de forte carga simbólica. O próprio Vilardi fez questão de enfatizar que a situação clínica de seu cliente não deve ser interpretada como manobra ou desrespeito à Corte.

Ao mesmo tempo, a repercussão da ausência é inevitável. O STF conduz um julgamento que pode ter efeitos duradouros sobre o cenário político brasileiro, e a ausência do principal réu, ainda que justificável, enfraquece a percepção de enfrentamento direto. Para críticos, Bolsonaro estaria evitando a exposição pública de um momento de fragilidade. Já para aliados, trata-se de uma demonstração de que o ex-presidente está sendo submetido a pressões excessivas mesmo em condições delicadas de saúde.

Independentemente da avaliação política, o fato é que a sessão desta quarta-feira deverá manter a tensão em torno da trama golpista, um dos capítulos mais emblemáticos da relação entre Jair Bolsonaro e o Judiciário. A expectativa recai agora sobre a performance de sua defesa, que terá de apresentar argumentos capazes de afastar as acusações de tentativa de subverter a ordem democrática. Enquanto isso, a saúde do ex-presidente seguirá sendo um fator determinante — tanto no desenrolar jurídico quanto na construção da narrativa política que ele e seus aliados pretendem sustentar nos próximos meses.